Minha EQM

Acabei agora de ler A Cabana!

Para os céticos de plantão peço que nem continuem lendo, pois me senti confortável para contar minha EQM (experiência quase morte), que tive na UTI do hospital Osvaldo Cruz em São Paulo.

Depois de 15 horas de uma cirurgia na cabeça fui enviada para a uti do hospital, que é o procedimento padrão nesses tipos de cirurgias. Apesar do grande porte, correu tudo bem, mas quando acordei naquele lugar que “cheira morte”, não estava nem um pouco confortável e com muitas dores nas pernas devido a cirurgia ter sido comigo em posição sentada para facilitar o local do cérebro que iria ser “mexido”.

A única pessoa que vi foi o Gui e lembro que chorei muito porque sentia realmente muita dor na perna, falei um pouco com ele algumas palavras confusas e a enfermeira me aplicou algum sedativo porque dormi na hora.

Não tenho idéia do tempo que se passou, mas sei que acordei com um enfermeiro falando comigo. Ele me disse: “Oi” simpaticamente e eu respondi assim também. Mas de encontro vieram palavras agressivas, me chamando de idiota, dizendo que eu tinha sido muito idiota por acreditar em certas coisas que ele foi descrevendo e eu boquiaberta com tanta informação que ele sabia a meu respeito.

Durante algum tempo conversamos a respeito, ele sempre muito grosseiro.

Daí chegaram as enfermeiras e outros enfermeiros com as mesmas atitudes do primeiro que de inicio disse se chamar André.

Acredito em anjos sim, tanto os de luz, como esses que de inicio me apareceram.

Falavam comigo coisas ou perguntas absurdas e quando eu respondia, eles permitiam que os enfermeiros ouvissem minhas respostas, tanto que me respondiam, como se eu tivesse sob efeito da anestesia, sedação ou louca.

Esses anjos falavam comigo através dos corpos dos enfermeiros, então quando eu respondia brava ou coisas sem sentido, eles permitiam que os enfermeiros ouvissem e assim me desacreditaram. Comecei a gritar porque ninguém me ouvia ou acreditava no que eu dizia. Eu apertava aquela campainha desesperadamente, ouvia os velhinhos nervosos pedindo para me ajudarem, mas para eles eu estava louca.

Sofri um bom tempo, eles me seguravam, tapavam minha boca, sempre em tons irônicos falavam coisas que me humilhavam mesmo.

O mais engraçado e louco é que fui percebendo o que estava acontecendo e assim podia me “proteger” de uma certa forma.

Quando falavam comigo, eu não os respondia mais, porque sabia que quem iria ouvir as respostas seriam os enfermeiros, então não abria mais a boca.

Me levaram imediatamente para fazer uma tomografia de urgência, e eu fui jogada numa maca dura, não pelos enfermeiros...

Sei dizer que das 23:00hs em que entrei na uti, eu fiquei lutando em vão com esses anjos até as 03:00hs da manha quando o medico teve que vir e me sedar. Engraçado também que eu não sabia que estava sendo sedada e nem que o medico tinha chegado para isso.

E tenho a plena certeza de que tudo foi real porque no momento em que eu chamei por Deus, e pedi a ele o fim daquilo tudo, pedi que se tivesse que me levar que fosse, mas se fosse para eu ficar que todo aquele tormento parasse em nome de Jesus. Nessa hora, abriram um porta grande e entraram uma enfermeira loira e um homem, provavelmente o medico para me sedar, mas não antes de dizer que eu tinha muita importância para DEUS e que eu teria mais uma chance! Não foram a enfermeira nem o medico que disseram aquelas palavras, mas sim os anjos de DEUS dentro deles.

Ouvindo aquilo, falado nitidamente como numa conversa cara a cara, acordei no outro dia no quarto, muito atordoada, enxergando tudo meio turvo, mas acordei na certeza de que de alguma forma DEUS se importou comigo, se importou com a minha vida e que tenho sim algo ainda a realizar na terra. Algo que fará a diferença. Pode ser para uma pessoa, pode ser até uma coisa aparentemente pequena, mas só de ter essa certeza eu agradeço muito a Ele por essa chance. Chance de ser alguém melhor para mim, para meus filhos, amigos...e isso eu sei que estou sendo, me esforçando sempre e dando valor a tudo, a conversas, desabafos, onde antes eu fugiria, hoje eu tenho sempre uma palavra pra dizer pra quem realmente precisa e quer ouvir.

Essa experiência mudou a minha vida de uma forma positiva. Sou muito melhor hoje por ter passado por tudo aquilo e ter tido a força de encarar de frente e não tentar fugir da situação como eu sempre fiz.

Ta certo que tomei uma bronca do meu medico no dia seguinte, ele muito cético quanto ao que nem comecei a falar so me disse que eu havia “derrubado” a uti, que ali estavam pessoas muito fragilizadas e teve ate mortes la naquela madrugada e eu não deveria ter agido daquela forma.

Me calei diante daquilo tudo, tentar explicar qualquer coisa que me aconteceu só iria deixá-lo certo da loucura que me imputaram.

Mas sei o que vivi e sei com toda certeza que foi real, cruel, sofrido. Mas também sei que foi muito recompensador, libertador, encorajador. Senti o amor de DEUS para comigo.

Não tento entender o que aconteceu, não consigo nem pensar em respostas, mas como quando soube do tumor não pensei “porque eu” da mesma forma que estando com um pé aqui nesse mundo e com um num outro, da mesma forma não fiz essa pergunta.

Não me cabe.